A PEGADA DA NAU: É A CRISE AMBIENTAL UMA EMERGÊNCIA?
3 de dezembro de 2020, 21h30 – 23h00
Nota: Tendo em conta as restrições impostas pelas medidas de contenção da pandemia, este evento decorrerá online.
Desde há 500 anos que, com a teoria do heliocentrismo de Copérnico, temos vindo a alterar o paradigma de que o ser humano estaria no centro do universo no sentido de, gradualmente, o colocar a par com as restantes formas de vida na Terra. E, no entanto, hoje temos de reconhecer a ação do ser humano, ainda que recente, como profundamente transformadora do ambiente global. Os impactos desta ação perdurarão, observáveis no registo geológico, provavelmente, por milhões de anos, ao ponto de se discutir o reconhecimento da época geológica em que vivemos como Antropocénico, a era dominada pela intervenção humana. O ponto de início desta época é algo que não encontra consenso na comunidade científica, variando desde há cerca de 10 mil anos, com a generalização da agricultura, até aos anos 60 do século passado, com o fenómeno conhecido por “a grande aceleração”, associado a um explosivo aumento da população humana e desenvolvimento tecnológico. Pode parecer uma questão puramente académica e sem influência no nosso dia-a-dia, mas a formalização do Antropocénico regulará a interação ser humano – ambiente, abrindo para discussão a emergência da crise ambiental, tanto do ponto de vista do seu início como da urgência na obtenção de respostas para a sua mitigação.
Investigadores convidados
Amélia Polónia (CITCEM – Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória)
Professora catedrática no Departamento de História, Estudos Políticos e Internacionais da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e coordenadora científica do CITCEM (Centro Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória). Os seus interesses de investigação incluem história portuária, implicações ambientais da colonização europeia, migrações, transferência de conhecimento, processos de globalização. Tem vindo a desenvolver reflexões sobre a aplicação do conceito de “Antropocénico” à chamada “Primeira Idade Global (1500-1800). É coordenadora da rede de investigação CoopMar. Cooperação Transoceânica. Políticas Públicas e Comunidade Sociocultural Iberoamericana. Rede CYTED 617RT0532 e membro da Action COST Ocean Governance for Sustainability – Challenges, Options and the Role of Science (CA15127). É, ainda, membro do MOVES – Migration and Modernity: Historical and Cultural Challenges, um European Joint Doctorate do programa Marie Skłodowska-Curie.
Maria Joana Ferreira da Silva (CIBIO-InBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos)
Investigadora associada ao ICETA/InBIO (Universidade do Porto) e à Universidade de Cardiff, Reino Unido, desde 2013. Nascida e criada em Vila Nova de Gaia, Portugal. Licenciou-se em Biologia e doutorou-se em Biociências em 2012 pela Universidade de Cardiff. É membro do grupo de investigação em Biodiversidade de Desertos e Regiões Áridas (BIODESERTS) no Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO). Especialista em Primatologia Molecular, usa técnicas moleculares não invasivas e análises espaciais para entender as consequências negativas das atividades humanas nas populações de primatas africanos, com o objetivo final e propor ações de conservação. A sua primeira viagem a África foi em 2004. Faz trabalho de campo na Guiné-Bissau e Moçambique.
João Muchagata (MHNC-UP – Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto)
Licenciado em Geologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e mestre em Paleontologia pela Universidade Nova de Lisboa/Faculdade de Ciências e Tecnologia e Universidade de Évora, começou a trabalhar como assistente técnico no Museu da Lourinhã e colaborou com a empresa Parque dos Dinossauros da Lourinhã nos seus catálogos e exposições. Com experiência em escavações paleontológicas nacionais e estrangeiras, é atualmente o curador das coleções de paleontologia e geologia do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP), exercendo funções de curadoria científica e educacional (manutenção, conservação, digitalização e divulgação), apoio a projetos de investigação e académicos e orientação de estudantes, bem como musealização e eventos de promoção do museu e das suas coleções.