PELA BOCA MORRE O PLANETA: A SALVAÇÃO À DISTÂNCIA DE UMA DENTADA?
2 de junho de 2021, 21h30 – 23h00 | Online
Ao contrário dos seres vivos autotróficos – cianobactérias, algas e plantas –, os animais, com raríssimas exceções, necessitam de ingerir outros seres vivos para obterem a energia necessária ao seu metabolismo. Para nós, humanos, comer é uma das necessidades fisiológica básicas, mas também um ato de afirmação e expressão cultural, tanto no conteúdo como no contexto. Aliás, a nossa alimentação é uma lente através da qual podemos observar todas as preocupações das sociedades humanas: éticas, ambientais, sociais e económicas. Foquemo-nos nas ambientais: muitos dos problemas prementes da atualidade, das alterações climáticas à desflorestação, da perda de biodiversidade à escassez de água potável ou a sobrepesca, vêm-nos parar ao prato. E com razão, já que a alimentação é responsável por quase um terço da pegada ecológica de cada residente em Portugal e desta, mais de metade advém do consumo de proteína de origem animal. Em Portugal os brandos costumes não se sentam à mesa e não há como negar: comemos muito (demais), muita carne e peixe e muito do que comemos faz grandes viagens antes de chegar até nós. Partindo da premissa que todos temos que ser parte da solução, como podemos fazer a diferença com o que escolhemos colocar no prato? Conseguimos comer abrindo mão da carne ou peixe, o eixo sobre o qual gravitam todas as refeições principais da nossa cozinha tradicional? E daqueles superalimentos da moda, que frequentemente se deslocam mais milhas, marítimas ou aéreas, do que muitos de nós numa vida inteira? Pode o peso cultural atribuída à comida ser desculpa para a não alteração de hábitos alimentares?
Investigadores convidados
Fátima Vieira (Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto)
Professora Associada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde leciona desde 1986. Foi membro do Conselho Geral da Universidade do Porto, dirigiu o departamento de Estudos Anglo-Americanos e foi presidente da secção Europeia da Utopian Studies Society. É, atualmente, a coordenadora no Porto do CETAPS (Centre for English, Translation, and Anglo-Portuguese Studies) e a Vice-Reitora para a Cultura, Museu e Editora da Universidade do Porto.
Maria João Gregório (Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto)
Licenciada em Ciências da Nutrição e doutorada em Ciências do Consumo Alimentar e Nutrição pela Universidade do Porto. Foi durante a realização de um estágio da Coordenação da Política Brasileira de Alimentação de Nutrição no Ministério da Saúde do Brasil que desenvolveu o seu interesse pela área da política nutricional. Atualmente é diretora do Programa Nacional para a Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde e coordenadora da Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável e também Professora Auxiliar Convidada da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto nas áreas da Política Nutricional e da Comunicação. É representante do Ministério da Saúde português para a área da nutrição na Comissão Europeia e na Organização Mundial da Saúde. No contexto da investigação, tem desenvolvido o seu trabalho na área da política nutricional, das desigualdades sociais no acesso a uma alimentação adequada e na área da epidemiologia das doenças crónicas.
Sara Moreno Pires (Unidade de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas – Universidade de Aveiro)
Professora Auxiliar do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território e Investigadora Integrada da Unidade de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas (GOVCOPP) da Universidade de Aveiro. É doutorada em Ciências Aplicadas ao Ambiente (Universidade de Aveiro, Portugal), Mestre em Desenvolvimento e Planeamento (University College London, Reino Unido) e Licenciada em Economia (Universidade de Coimbra, Portugal). É atualmente diretora executiva da Organização Internacional, com sede em Portugal, Casa Comum da Humanidade, e coordenadora científica do projeto da “Pegada Ecológica dos Municípios Portugueses”, desenvolvido na Universidade de Aveiro, em parceria com a Global Footprint Network, a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável e diversos municípios. Tem centrado a sua investigação nas políticas de desenvolvimento sustentável e no papel dos indicadores de sustentabilidade na governação local, com vários artigos científicos publicados na área do desenvolvimento sustentável. Tem colaborado em inúmeros projetos de investigação nacionais e internacionais e tem tido um papel ativo na colaboração com Câmaras Municipais, ONGs e empresas na área do desenvolvimento sustentável.