Voltar

21 de Abril de 2018 | 18h00

PALESTRA: DO MABECO À PALANCA NEGRA, A CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES NA ÁFRICA SUBSAARIANA

Apesar de apenas ocupar 4% do território terrestre Africano, Angola possui dos maiores níveis de diversidade de biomas entre todos os países de África. Apesar da sua vasta riqueza natural, a biodiversidade de Angola está muito pouco estudada e é, consequentemente, muito pouco conhecida. Este défice de conhecimento teve, em grande parte, origem num longo período de instabilidade política, que começou com a guerra colonial pela independência e se prolongou por um período de guerra civil. Este período foi desastroso não só para o povo angolano, mas também para a sua biodiversidade, que devido a um descontrolado abate de animais para carne, tráfico e medicina tradicional, conduziu a um declínio drástico das populações de várias espécies.

No entanto, o clima político tem mudado em Angola e mostra-se agora favorável não apenas à redescoberta da sua biodiversidade, mas também à sua reconquista por parte da fauna e flora outrora exuberante. Casos icónicos da conservação da biodiversidade em Angola relacionam-se com a conservação da Palanca Negra (o símbolo nacional de Angola), do Mabeco ou da Chita.

Nesta sessão, o estado actual sobre o conhecimento e acções de conservação para estas e outras espécies serão discutidos, bem como a actual conjuntura nacional no que respeita à conservação da natureza.

No âmbito desta palestra, venha conhecer o Zoo de Santo Inácio.

A participação activa na Conservação da Natureza, especialmente das Espécies que se encontram Ameaçadas de Extinção, constitui a grande e nobre missão do Zoo Santo Inácio.

Em 2000, abriu portas com o objectivo de aproximar a comunidade da Natureza e da Vida Selvagem, alertando para a crescente importância da Conservação das Espécies da Fauna e da Flora de todo o mundo. Em 2004 tornou-se membro da Associação Europeia de Zoos e Aquários (EAZA), em 2006 foi fundador da Associação Portuguesa de Zoos e Aquários (APZA) e é um dos poucos Zoos nacionais que, em parceira com a EAZA, participa em Programas Europeus de Preservação de Espécies Ameaçadas de Extinção – EEP. No ano de 2014, o Zoo Santo Inácio passou a integrar o Grupo Thoiry, ao qual pertencem o Thoiry Zoo Safari  e o Safari Parc de Peaugres, permitindo, desta forma, fortalecer o movimento a favor da Conservação da Natureza.

Actualmente, o Zoo Santo Inácio alberga cerca de 600 animais de 200 espécies, sendo mais de 40 espécies Programas EEP em que orgulhosamente participa, envolvendo mais de 142 animais e tendo já favorecido o nascimento de 70 crias. Todas as espécies acolhidas habitam em verdes e amplos ambientes, concebidos de forma a recriar os habitats de origem, proporcionando-lhes as melhores condições de conforto para que se possam manter saudáveis e com comportamentos genuínos.

ORADORES

Carla Monteiro, Médica Veterinária Responsável do Zoo de Santo Inácio

Concluiu o curso de medicina veterinária em 1999 na UTAD, realizando o seu estágio final em clínica de animais exóticos e selvagens, em Madrid e é médica veterinária do Zoo Santo Inácio, desde 2014. Perseguiu os estudos em Utrecht, integrou em internships em vários países da Europa e nos EUA e, recentemente, realizou um curso de contenção e captura de animais selvagens no Zimbabué. Participou na operação Ganso Patola, durante o derrame do petroleiro Prestige e apresentou resultados da mesma nos congressos de Effects Oil on Wildlife em Hamburgo 2003e em Tallin 2009. É autora de alguns artigos e capítulos técnicos e tem vindo a fazer um percurso profissional dedicado a animais exóticos e selvagens.

Fernanda Lages, Professora no ISCED – Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla (Lubango, Angola); Diretora do Herbário do Lubango

Bióloga, com doutoramento em Microbiologia pela Universidade do Minho, é actualmente docente no Instituto Superior de Ciências de Educação da Huíla. Durante cerca de 15 anos trabalhou no Centro Nacional de Recursos Fitogenéticos de Angola e, desde há 10 anos, é responsável pelo Centro de Investigação em Biodiversidade do Lubango. Além dos trabalhos de curadoria das colecções do Museu de Zoológico e pelo Herbário do Lubango, é responsável por diversos projectos de investigação e pela formação de equipas de jovens investigadores angolanos em métodos de estudo, avaliação, monitorização e conservação da biodiversidade terrestre.

Pedro Monterroso, Investigador no CIBIO-InBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto

Licenciou-se em Biologia pela Universidade de Porto em 2002, e doutorou-se em 2013 em Biodiversidade e Recursos Genéticos. Atualmente é investigador pós-doutorado no CIBIO-InBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto). A sua carreira científica tem-se focado na biologia da conservação e das comunidades de mamíferos, nomeadamente no estudo das populações de mamíferos carnívoros e da sua relação com as populações de presas. Alguns temas centrais destas investigações incluem a avaliação da relação dos predadores com as espécies-presa e com a qualidade do habitat, bem como a sua função na estruturação dos ecossistemas. O desenvolvimento e avaliação de técnicas não-invasivas de monitorização de populações animais é também num foco importante da sua investigação.

Pedro Vaz Pinto, Investigador no CIBIO-InBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto

Natural de Angola, formou-se em 1993 em Engenharia Florestal pelo Instituto Superior de Agronomia (Universidade Técnica de Lisboa), com especialidade em Gestão dos Recursos Naturais. Entre 1992 e 2001 trabalhou em Portugal, desenvolvendo trabalho principalmente nas áreas de investigação e consultadoria cinegética, ecologia e silvicultura. Em 2001 voltou para Angola como ecologista da Fundação Kissama, instituição que geria o Parque Nacional da Kissama, tendo participado na Operação Arca de Noé e mais tarde tornou-se Director desta Instituição. Entre 2003 e 2010 esteve afiliado à Universidade Católica de Angola e lançou o Projecto de Conservação da Palanca Negra Gigante. Desde 2010 coordena o Projecto da Palanca através da Fundação Kissama. O projecto da palanca começou por provar a sobrevivência da palanca nas suas áreas de origem, quando muitos duvidavam desse facto, e nos últimos anos tem vindo a auxiliar o Governo Angolano na implementação de medidas de protecção e gestão da espécie e das respectivas áreas onde ela ocorre. Em 2012 matriculou-se na Universidade do Porto e completou em 2017 através do CIBIO-InBIO, um Programa de Doutoramento em Biologia com uma tese intitulada “The evolutionary history of the critically endangered giant sable antelope”. É actualmente investigador do CIBIO e Membro, desde 2007, do Antelope Specialist GroupSpecies Survival Commission do IUCN. Já recebeu os seguintes prémios: o Whitley Award for Nature (2006; Londres); Edmond Blanc Award, CIC (2011; San Petersburg). Edmond Blanc Award, CIC; Prémio Terras sem Sombra (2013;Comporta)

MODERADOR

Nuno Ferrand de Almeida, Coordenador Científico do CIBIO-InBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Director do InBIO – Rede de Investigação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva, Professor Catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e Director do MHNC-UP – Museu de História Natural da Universidade do Porto.

Nuno Ferrand de Almeida especializou-se em biologia evolutiva e entre os seus interesses de investigação contam-se a ecologia, a conservação, a especiação e a domesticação. Desenvolveu vários projectos nestas áreas usando o coelho como espécie modelo principal. Estudou também a evolução de diversas espécies de anfíbios e répteis na Península Ibérica e Norte de África. Para além de ter publicado numerosos artigos em prestigiadas revistas científicas internacionais e diversos capítulos de livros, lidera agora, no MHNC-UP, um inovador projecto cultural que cruzando arte, ciência e literatura, pretende mobilizar todos os públicos para a apreciação e protecção da natureza.

 

Voltar