E FORAM PLÁSTICO PARA SEMPRE! PODE O PLÁSTICO TER UM FINAL FELIZ?
6 de maio de 2021, 21h30 – 23h00 | Online
Desde o acordar entre lençóis de coralina ao escovar os dentes antes de deitar, a nossa vida quotidiana tem um toque de plástico em praticamente todos os momentos. O plástico – um conjunto de compostos fabricados sinteticamente desde há pouco mais de 100 anos – veio trazer muitos benefícios: embalamento de comida mais seguro e prolongado, veículos mais resistentes e leves, equipamento médico diverso, entre muitos outros exemplos. No entanto, algumas das características que o valorizam enquanto produto, como a durabilidade, juntamente com o seu uso inadequado, tornam-no um verdadeiro pesadelo enquanto desperdício. Adicionalmente, o seu uso contínuo pode ter efeitos negativos na saúde humana, tanto pela ingestão de microplásticos como pela presença de substâncias químicas demonstradamente nocivas, como o Bisfenol-A. Em 2014, cada cidadão da União Europeia produziu 31 kg de desperdício plástico, sendo que apenas um terço deste volume foi reciclado. O restante foi incinerado, contribuindo para a produção de gases de efeito de estufa, e depositado em aterros sanitários. E algum terá escapado do circuito que lhe foi designado indo parar aos nossos ecossistemas terrestres e aquáticos, em particular, marinhos, provocando impactos muito negativos, tanto para o ambiente como para o ser humano. Numa altura em que se fizeram avanços significativos, a nível tanto da opinião pública como da legislação Europeia, qual é o futuro do plástico na nossa sociedade moderna? O que podemos fazer enquanto cidadãos individuais? E o que devemos exigir das instituições com o poder para fazer a diferença?
Investigadores convidados
Hiléia Souza (Laboratório Associado para a Química Verde – REQUIMTE e FCUP – Faculdade de Ciências da Universidade do Porto)
Hiléia Souza fez a licenciatura e o mestrado em Química no Brasil e doutorou-se pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, integrando posteriormente o Laboratório de Engenharia Alimentar e Reologia (LERA-FEUP-REQUIMTE), onde participou em vários projetos de investigação incluindo nos campos da Embalagem Alimentar/Química Verde, Qualidade e Segurança Alimentar e Energias Renováveis. Atualmente, encontra-se a trabalhar no QUINOA – Foodphenol Laboratory (foodphenolab), desenvolvendo capacidades e competências no campo de materiais ecoinovadores na indústria alimentar. Os seus interesses de investigação estão alinhados com os desafios societais da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, contribuindo para a identificação e desenvolvimento de processos mais ecológicos, como por exemplo, a produção de materiais sustentáveis que possam substituir os materiais sintéticos convencionalmente usados, entre outros.
Lúcia Guilhermino (CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental)
Lúcia Guilhermino é Professora Catedrática do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto. Entre outras funções no ICBAS, é membro do Conselho de Representantes, Vice-Diretora do Departamento de Estudos de Populações, Diretora do laboratório de Ecotoxicologia e Ecologia, Diretora e membro da Comissão Científica de Mestrados e Programas Doutorais na áreas das Ciências do Mar e do Ambiente e leciona várias unidades curriculares (por exemplo: Ecotoxicologia, Ecologia do Stress, Toxicologia Molecular, Toxicologia Veterinária, Ambiente e Saúde Pública, Avaliação de Risco Ambiental. É também investigadora no CIIMAR, sendo Investigadora Responsável pela Linha de Investigação “Global Changes and Ecosystem Services”, pelo grupo de investigação sobre Vias de Contaminação e Mecanismos de Toxicidade e da Equipa de Investigação em Ecotoxicologia, Ecologia do Stress e Saúde Ambiental do CIIMAR. Entre outras funções a nível internacional é membro do Grupo de trabalho em Efeitos Biológicos de Contaminantes do International Council for the Exploration of the Sea (ICES), Membro do Awards Committee e do Finance Committee da Society of Environmental Toxicology and Chemistry (SETAC) – Europa, e Editora Associada ou membro do Corpo Editorial de várias revistas científicas internacionais. Foi membro da Direção do CIIMAR, Presidente da SETAC-Europa, membro da Direção da SETAC- Mundo, membro de painéis de avaliação de prémios, cursos, projetos e bolsas de investigação de várias instituições nacionais e internacionais, entre outras funções a nível nacional e internacional. Os seus principais interesses de investigação são sobre os efeitos da poluição (exemplo, microplásticos, nanomateriais, fármacos, pesticidas, metais,…) e das alterações climáticas na Saúde do Oceano, ecossistemas estuarinos e de água doce, e na saúda animal e Humana, de acordo com o conceito ‘One health’ da OMS. Tem mais de 300 publicações, incluindo mais de 190 artigos completos em revistas científicas internacionais.
José Teixeira (CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental)
Doutorado em biologia e pós-doc em Comunicação de Ciências, é coordenador do Gabinete de Comunicação de Ciência do CIIMAR desde 2014, onde é responsável, por exemplo, pelo desenvolvimento e implementação de projetos de literacia do oceano, como a Campanha “Ocean Action”, direcionada para a sensibilização da comunidade escolar e da população para o problema do plástico no Oceano. No âmbito desta Campanha, que venceu o Green Project Award 2016 como melhor Iniciativa de Mobilização, é também responsável pela organização e produção das exposições temáticas “Mar de Plástico” e “Monstros Marinhos”, que combinam ciência, arte e multimédia como ferramentas disseminação desta temática junto da sociedade.