PROBLEMA ESCONDIDO COM O RABO DE FORA: OS GATOS E A BIODIVERSIDADE
7 de outubro de 2021, 21h30 – 23h00 | Online
A relação entre gatos e humanos começou há cerca de 10 mil anos no médio oriente, quando o advento da agricultura obrigou ao armazenamento dos excedentes das colheitas, o que atraiu roedores e, naturalmente, os seus predadores, como o gato-bravo. Desde então, humanos e gatos tiraram proveito duma relação simbiótica: os gatos tinham acesso a um grande número de presas e os humanos tinham controlo de pragas garantido. Os gatos-bravos, ao longo da sua domesticação, perderam agressividade e timidez, mas não a capacidade de caçar, da qual continuaram a depender para sobreviver. Avançando rapidamente para os dias de hoje, os gatos domésticos tornaram-se um problema de conservação da natureza. À boleia dos humanos, espalharam-se pelo planeta inteiro e a sua presença representa frequentemente más notícias para biodiversidade local, pela introdução de um predador exótico, exímio caçador e de gostos generalistas. Os gatos domésticos estão associados a declínios, e até extinções, de várias espécies principalmente de aves, répteis e mamíferos. Trata-se de um fenómeno global, com agravantes em ambientes insulares, que exige a implementação de medidas de gestão orientadas. Nesta conversa vamos abordar este problema, focando-nos na perceção pública acerca do mesmo e discutindo as soluções necessárias para travar esta ameaça à biodiversidade.
Investigadoras convidadas
Anna Olsson (i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto)
Anna Olsson é investigadora no i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde na Universidade do Porto, onde lidera o grupo de investigação Laboratory Animal Science. Os seus principais interesses de investigação são comportamento e bem-estar animal, e ética de uso de animais na investigação e biotecnologia. O seu trabalho recente sobre mortalidade neonatal em murganhos de laboratório, e sobre métodos de treino em cães de companhia, tem atraído interesse na comunicação social nacional e internacional. Anna Olsson tem coordenado vários projetos europeus na área dos 3Rs e ética de experimentação, e é responsável pela formação de investigadores para um uso responsável de animais na experimentação. É docente no ICBAS nos programas doutorais MCBiology e BiotechHealth, e na disciplina INOVPED Biolaboratório.
Raquel Vasconcelos (BIOPOLIS/CIBIO-InBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto)
Raquel Vasconcelos é investigadora do BIOPOLIS/CIBIO-InBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto desde 2019, onde é membro do grupo de investigação Conservation Genetics and Wildlife Management (CONGEN). É especialista em na combinação de dados genéticos e ecológicos para apoio à gestão e conservação, usando répteis de ilhas como modelos privilegiados. Nasceu no Porto, licenciou-se em Biologia Terrestre pela Universidade de Lisboa em 2003 e concluiu o doutoramento em Biologia na Universidade do Porto em 2011. Entre 2012 e 2017, como investigadora de pós-doutoramento do BIOPOLIS/CIBIO-InBIO e do Instituto de Biologia Evolutiva (IBE-CSIC), Espanha, dedicou-se à aplicação de uma abordagem multidisciplinar ao estudo dos répteis de Socotra, no Iêmen. Paralelamente à investigação, tem estado profundamente envolvida na promoção da formação e capacitação académica em Cabo Verde, bem como no desenvolvimento de atividades de divulgação, como a produção de documentários e a edição de livros para públicos não científicos.